terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Uma cerveja para chamar de sua


     Com um número crescente de apreciadores que se dedicam à produção própria e caseira da bebida, o mercado nacional de cerveja artesanal vai de vento em popa. Em Petrópolis, berço da primeira fábrica brasileira – a Bohemia, inaugurada em 1853 – não poderia ser diferente. Hoje já são 18 produtores locais reunidos na ACervA Petrópolis, núcleo serrano da associação carioca fundado em maio de 2011.
     Foram dois integrantes da associação – os diretores administrativo, Carlos Eduardo Sixel, e financeiro, Matheus Taboada Oliveira – que nos conduziram por este universo, mostrando passo a passo o processo de produção e revelando aspectos muito interessantes dessa verdadeira confraria que reúne os aficionados pela bebida.
     Ao contrário do que possa parecer, a produção não requer equipamentos sofisticados, grandes espaços ou treinamentos específicos. Qualquer pessoa com um conhecimento razoável das técnicas e a adoção de fórmulas corretas é capaz de produzir domesticamente a sua própria cerveja. E não falta ajuda para isso. Além de um bom número de sites na Internet, que publicam receitas e comercializam equipamentos e insumos necessários, os cervejeiros são os primeiros a fomentar o fabrico artesanal, que comumente começa como um hobby e, em alguns casos isolados, acaba virando uma atividade comercial.
     A receita básica combina apenas três ingredientes – “a fórmula que seguimos é a da ‘lei da pureza alemã’, em que entram apenas água, malte e lúpulo”, diz Carlos Eduardo – e as etapas incluem mosturação, filtragem, fervura do mosto, fermentação (para a transformação dos açúcares em álcool), resfriamento e maturação. O processo de produção leva em torno de oito horas e o tempo de maturação, em que acontece uma nova fase de fermentação para a formação do gás e da espuma, costuma durar por volta de uma semana.
     A cerveja tem duas diferenciações básicas: as Ale, mais comumente produzidas por cervejeiros artesanais, e as Lager (ou Pilsen), pelas grandes cervejarias. A primeira tem alta fermentação e a segunda, baixa; ou seja, com temperatura controlada para que o fermento trabalhe na parte de baixo do recipiente onde está acondicionada. “Este controle preciso da temperatura, que requer um freezer equipado com termostato, é o que dificulta a produção artesanal da cerveja do tipo Pilsen”, explica Matheus.
     Outros diferenciais da Ale são o sabor mais encorpado e amargo – conferido pela maior quantidade de lúpulo utilizada na receita – e teor alcóolico maior, variando de 6 a 11 graus, contra uma média de 4,5 graus da Pilsen. “É muito comum, em um primeiro momento as pessoas estranharem o sabor, mas com a degustação habitual começam a apreciar esta cerveja, que, diferentemente das industriais, não provocam aquela sensação desagradável de saturação”, defende Carlos Eduardo.
     Além desse predicado, ele ressalta o prazer inigualável de apreciar um produto preparado em casa e a satisfação ao perceber o êxito da empreitada, mesmo que sejam necessárias inúmeras tentativas até que se alcancem os resultados desejados. “Não há o que se compare à sensação de abrir uma garrafa e ouvir o barulhinho do gás sendo liberado e ainda de ver a espuma se formando no copo; tem um gostinho de realização”, comenta.
     A ACervA Petrópolis oferece toda a consultoria necessária para quem deseja se iniciar na arte da cerveja caseira e artesanal e a partir deste ano vai começar a organizar cursos para difundir as técnicas. “O objetivo da associação é contribuir para a ampliação do conhecimento acerca do produto e propagar a cultura cervejeira artesanal, atividade que tem entre seus atributos a capacidade de incentivar interação entre as pessoas. Através dela podemos trocar experiências e fazer novas amizades, sempre em ambientes festivos”, conclui Matheus. Um brinde a estes momentos especiais!


Além de mais encorpadas, as cervejas artesanais têm amargor e teor alcóolico superiores aos das industrializadas
 No etapa de mosturação utiliza-se o malte moído com a preservação da casca, elemento fundamental para a filtragem da bebida
 O malte é o ingrediente responsável por conferir coloração, aromas e sabores à cerveja
Após a fervura do mosto, o líquido é transferido para outro recipiente, onde ocorre a fermentação para a transformação dos açúcares em álcool
Equipamento básico


ACervA de Petrópolis:
(24) 9856-6600
www.acervapetropolis.com.br
acervapetropolis.blogspot.com
facebook: AcervA Petrópolis 

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