Setor, que cresce 20% ao ano, reúne mais de 200 associados no Rio
Publicada em dez/20012
RIO - Agora eles têm um motivo oficial para comemorar. Após anos de
encontros fechados entre amigos e centenas de milhares de litros
sorvidos, os cervejeiros artesanais do Rio estão mais próximos de
realizar o seu maior sonho: o direito de produzir e comercializar sua
obra. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
divulgou portaria, em novembro, para realização de consulta pública, que
deverá ser realizada ainda no início de 2013, para regulamentação do
setor que cresce cerca de 20% ao ano e que, só no Rio, reúne mais de 300
cervejeiros artesanais registrados em várias associações de classe.
Eles
defendem uma legislação parecida com a da cachaça artesanal e garantem
que já têm conhecimento para formar e exportar para o mundo a escola
brasileira de cerveja:
— Acreditamos que a escola brasileira terá
como diferencial as frutas. Afinal, o Brasil é um país de uma variedade
imensa de frutas. Já existem experiências muito interessantes como as
cervejas de frutas amazônicas, como açaí e cumaru (baunilha amazônica)
da Cervejaria Amazon Beer, de Belém do Pará, e a Vivre pour Vivre da
cervejaria Falke, feita com jabuticaba — comentou o mestre cervejeiro
João Fraga, um dos fundadores da primeira associação de cervejeiros
caseiros do país, a ACervA Carioca.
A entidade conta hoje com 170
associados. Mas, diferentemente de outras entidades, nem todos pensam em
transformar o hobby num negócio lucrativo:
— Defendemos a
regulamentação para que possamos produzir nossas cervejas, campeonatos e
eventos sem qualquer problema com a fiscalização. Mas, no nosso caso,
não visamos ao lucro — afirmou o presidente da ACervA Carioca, Lúcio
Fialho, especialista de informática e cervejeiro nas horas vagas:
—
A nossa sede funciona nas praças públicas, onde, a cada quinze dias,
nos reunimos para trocar cervejas. Mas este é um setor que cresce tanto
que, de um ano para outro, o número de associados dobrou.
Já o associado Sérgio Fraga luta há anos para criar sua primeira cervejaria:
—
É muito difícil abrir uma microcervejaria. É mais fácil encomendar uma
cerveja própria de uma já existente. A legislação precisa mudar para a
abertura de mais empresas. Embora pequenas, elas empregam mais pessoas
por litro do que as gigantes.
Já os associados da ACervA Teresópolis, que reúne 30 pessoas, sonham com o direito a seu “brewer bar”.
—
É o sonho de todo cervejeiro. Ter o seu bar e poder produzir e
comercializar suas cervejas, criando um ambiente de pessoas que gostam
de degustar a cerveja — diz Gabriel Di Martino, que há dois anos
abandonou a medicina para se dedicar à nova profissão.
Depois de
fazer o curso do mestre João Veiga, Gabriel decidiu seguir carreira e,
com apoio da família, entrou para a escola cervejeira do Senai de Volta
Redonda, única no país na formação de profissionais.
Herdeiro da
primeira fábrica de Teresópolis, fundada em 1912, e um dos sócios hoje
da cerveja Petrópolis, o comerciante e cervejeiro Vinícius Claussen é um
dos poucos que já possuem um espaço de dois mil metros quadrados — a
Vila St Gallen, que tem ambientes distintos para as escolas alemã, belga
e inglesa. Ali funciona também a sede da ACervA Teresópolis.
—
Reunimos as associações de cervejeiros e outras entidades de classse da
Região Serrana e, entre as propostas, conseguimos apoio do Senai, que
levantará a legislação necessária e instrumentos para a registro de
cervejeiros artesanais — disse Vinícius.
O Estado Rio tem 203 cervejeiras registradas, entre grandes, médias e pequenas, com 266 rótulos, o segundo maior número do país.
Ref.: http://oglobo.globo.com/rio/cervejeiros-artesanais-de-olho-na-regulamentacao-7064267
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