quinta-feira, 2 de abril de 2009

Estilo de Cerveja - Ales, Lagers e Lambics

Atualmente, é possível apreciar mais de uma centena de diferentes estilos de cerveja. Sao infinitas as combinaçoes de graos de malte em suas diferentes qualidades e intensidades de torrefaçao, flores de lúpulo e famílias de levedura em suas inúmeras variedades, soma-se a estas combinaçoes a internvençao humana - igualmente infinita - valendo-se de enorme capacidade lógica da intuiçao, da inspiraçao e da criatividade, cervejas sao experiencias extraordinárias quando combinam equilíbrio e consistencia com um perfil sensorial de absoluta personalidade. Apresentam delicadeza e caráter em estilos variados, oriundos de diversos países.

As Ales, bastante populares no Reino Unido, sao conhecidas como cervejas de alta fermentaçao devido ao fato da levedura subir r superfície no final do processo de fermentaçao. As leveduras utilizadas sao da espécie Saccharomyces cerevisiae. Esse tipo de produçao é o mais antigo, considerando que as cervejas da família Ale eram as únicas disponíveis até meados do século XIX. A fermentaçao geralmente ocorre entre 15 e 24sC e dá origem a cervejas mais aromáticas lembrando frutas e condimentos. Como desde a Idade Média os monges sao grandes produtores de cerveja, acredita-se que o termo ALE tenha origem na palavra anglo-saxa ALU, que significava um extase religioso.


Já nas Lagers, a fermentaçao ocorre geralmente entre 6 e 12sC com a utilizaçao de leveduras da espécie Saccharomyces uvarum que, devido rs variaçoes genéticas, se depositam ao fundo no final do processo de fermentaçao - cervejas de baixa fermentaçao. Em geral, sao menos frutadas, trazendo, em contrapartida, evidentes notas de malte ? como pao, biscoito, café e chocolate - e de lúpulo.

Acredita-se que as Lagers tenham surgido na Baviera no século XIX. Como a produçao dessa cerveja exige temperaturas amenas, nao era possível sua produçao no verao - o primeiro sistema de refrigeraçao foi desenvolvido somente em 1873. Os alemaes entao descobriram que nos alpes a temperatura era constantemente mais baixa. Com isso, passaram a produzir maiores quantidades na primavera e a armazenar a cerveja nas montanhas. A temperatura nestas regioes ficava bem abaixo dos 20sC e esta condiçao favoreceu uma mutaçao genética nas leveduras Ale utilizadas até entao, produzindo as leveduras Lagers com características bem diferentes. Lager em alemao significa armazenar. Daí o nome dessa família.

A terceira família é a das Lambics, cervejas produzidas no vale do rio Senne, uma área de apenas 25 Km - nos entornos de Bruxelas. Sao cervejas produzidas através do processo de fermentaçao espontânea, o que significa que nao sao adicionadas intencionalmente leveduras durante o processo de fabricaçao. A microflora do ar ambiente traz leveduras selvagens e bactérias que entao, espontaneamente, entram em contato com o mosto, dando início ao processo de fermentaçao. Trata se de uma família muito particular de cervejas, que apresenta notas de acidez marcantes e que pode ficar em fermentaçao por até tres anos, como no caso das mais tradicionais, e ainda passar pela segunda fermentaçao na garrafa durante alguns meses.

Dentro desta família encontra-se tres sub divisoes: as Lambic-Fruits, que recebem frutas inteiras, como framboesa, cereja, pessego e cassis durante o processo; as Gueuzes, que sao um blend de Lambics novas e envelhecidas, e as Faros, as Lambics com adiçao de açúcar. Além da divisao por famílias, ainda podemos dividir esse extenso universo em escolas cervejeiras, do Velho e do Novo Mundo. Cada escola possui particularidades que as tornam bastante distintas.

As tres maiores escolas cervejeiras sao a alema, a belga e a inglesa, que juntas rs escolas escocesa, irlandesa, francesa e tcheca compoem o Velho Mundo cervejeiro. Já no Novo Mundo, destacam-se os Estados Unidos, Canadá, Brasil, Nova Zelândia e Austrália.

Velho Mundo

A escola alema caracteriza-se pela ortodoxia e tradicionalismo, seja nos ingredientes, nos métodos de produçao ou nos estilos. Para os alemaes, desde 1516, quando foi editada a Reinheitsgebot, a Lei de Pureza Alema, criada pelo Duque Guilherme IV na Bavária, estabeleceu-se o consenso de que os ingredientes básicos da cerveja sao: água, malte, lúpulo. A levedura nao entrou na composiçao, pois somente mais tarde descobriu-se o princípio do processo de fermentaçao. A Lei da Pureza vigorou até 1988, quando foi suplantada pelas leis da Uniao Européia e recebeu a inclusao do malte de trigo.

Os principais estilos da escola cervejeira alema, entre as Ales, sao Weizen (ou Weiss), Altbier e Kölsch e, entre as Lagers, Dunkel, Schwarzbier, Rauchbier, Vienna e Bock. A escola cervejeira belga é tao tradicional quanto a alema, sendo entretanto muito mais criativa e inventiva, nao havendo limitaçao de matéria-prima, permitindo entao o uso de especiarias, coentro, cascas de laranja, frutas, aveia, centeio, entre tantos mais.

A levedura aparece como componente de destaque, sendo o responsável, juntamente com as inúmeras combinaçoes de matérias-primas, pela complexidade aromática das cervejas belgas, que sao, em sua maioria, Ales. Entre elas destacam-se os estilos Pale Ale, Strong Ale, Dubbel e Tripel.

Quando se fala em cerveja da Inglaterra, a primeira coisa que vem à cabeça é amargor, resultado do marcante protagonista lúpulo em muitos dos seus estilos. India Pale Ale, Bitter, Porter e Barley Wine sao estilos de destaque desta que é uma das maiores escolas.

A escola cervejeira da Escócia é bastante peculiar. Isso se deve ao isolamento geográfico aliado r influencia dos vikings e, ainda, r impossibilidade do cultivo do lúpulo. Os escoceses cultivam todo o malte necessário para a produçao do whisky e da cerveja. Como resultado, as cervejas escocesas tem o sabor do malte bem marcado e quase nao apresentam amargor e aromas de lúpulo. A escola escocesa possui apenas quatro estilos, todos da família Ale, que sao Light Ale, Heavy Ale, Export Ale e Strong Ale.

Conhecida primordialmente pelos vinhos, é de se estranhar que a França também faça parte da história das cervejas. Ajudada pela sua fronteira com a Bélgica, a escola cervejeira francesa é modesta com apenas dois estilos, Bicre de Garde e Saison, mas isso é compensado pela sua representatividade nas listas de ótimas cervejas.

Poucas cervejas possuem a popularidade que a Guinness alcançou. Por isso, a Irlanda é primordialmente caracterizada pelo estilo Stout. Mas nao é só desse pint que se compoe sua tradiçao cervejeira. Red Ale e Porter também estao nos pedidos dos pubs e nas origens das cervejas irlandesas.

O país que mais bebe cerveja no mundo e que originou o estilo de cerveja mais consumido no mundo - Pilsen, a República Tcheca briga pelo título de melhor cerveja. Plzensky Prazdroj (Pilsner Urquel), Gambrinus, 1795, Radegast, kozel de Velkopopovicky, Budvar e Staropramen sao alguns rótulos desse país, que tem a cerveja como patrimônio nacional.

Novo Mundo

Antiga colônia da Inglaterra e uma das maiores naçoes consumidoras de cerveja, os Estados Unidos representam a maior escola cervejeira do Novo Mundo. Recebeu as tradiçoes advindas das cervejarias inglesas e holandesas e manteve forte a produçao de Ale no país. Somente depois, com a imigraçao alema, as Lagers também caíram no gosto americano. Com a proibiçao da produçao de cervejas no país, poucas cervejarias sobreviveram.

Quando a lei foi revogada, as grandes cervejarias dominaram o mercado. Essa produçao em larga escala deu origem r piada canadiana, que diz que - cerveja americana é como fazer amor numa canoa: extremamente perto da água?. Contudo, desde o ressurgimento da produçao artesanal de cervejas na década de 1980, os Estados Unidos apresentam uma grande variedade de estilos de boa qualidade, isso graças a diferentes qualidades de lúpulo, entre outros ingredientes, bem como por influencia de diferentes tradiçoes de origem européia.

No mais, guardam originalidade e mostram personalidade própria em estilos como India Pale Ale, Blond Ale, Brown Ale e Stout. Canadá, Nova Zelândia, Austrália e Brasil também vao felizmente pelo mesmo caminho dos Estados Unidos - cada qual recebendo diferentes influencias do Velho Mundo e criando rótulos com toques regionais.

Fonte: http://www.beerlife.com.br/ed1/estilos.asp

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